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  Mamilos Club - Não Recomenda - Cloudpunk

Nivalis está corrompida, destruindo tudo que há nela e a si mesma, decompondo sua estrutura lógica e toda complexidade que nela habita com todos os seus "0" e "1" de código binário entranhados e empilhados na programação. As estruturas estão rangendo e desmontando com o seu algoritmo corrompido que não consegue ser executado corretamente devido a uma falha. Nem mesmo os engenheiros da cidade podem consertar ela novamente, isso seria apenas como enxugar gelo. Preciso fazer uma escolha importante essa noite para salvar tudo e a todos, meu nome é Rania, e tento sobreviver a minha primeira noite na Cloudpunk.

14FC é a mais nova integrante da Cloudpunk, uma corporação “legalizada”, onde transporta qualquer tipo de mercadoria, desde que o cliente possa pagar pelo serviço. Rania para os mais íntimos é uma estrangeira em Nivalis tentando se encaixar na complexa sociedade, que  é como tentar pintar na superfície de um rio, onde há correnteza de pessoas e idéias, as multidões levam tudo embora junto com a sua verdadeira essência. Em um tempo além do nosso, mas com os mesmos problemas sociais no qual vivemos atualmente, dividimos o espaço no trânsito sob as nuvem com androides, IA, autômato e humanos em uma experiência com base em histórias, você vai descobrir através dos diversos diálogos a complexidade de cada personagem que foi desenvolvido por um estúdio independente apaixonado pela cultura sci-fi(ficção científica), ION LANDS,  traz uma autêntica ambientação cyberpunk que teve como inspiração o clássico filme Blade Runner de 1982 em sua ambientação, assim como na cidade apresentada pelo filme, temos muito para contemplar e observar com o nosso HOVA entre os arranha-ceús construídos em voxel (uma evolução dos gráficos em pixel) ou  andando através dos becos e ruas movimentadas pela correnteza e barulho de pessoas. Esteja preparado para essa viagem que desafia a maioria dos motoristas que duram apenas uma noite, mas antes, a regra mais importante para sua sobrevivência: Não perca uma entrega, e não pergunte o que tem no pacote, todo o resto são só orientações, portanto seja bem-vindo ao Cloudpunk.



Com uma narrativa baseada em diversos diálogos, o mundo se desenvolve para o jogador, permitindo descobrir e conhecer mais da nossa personagem e o mundo ao redor. Rania odeia a cidade, mas devido a necessidades financeiras se viu obrigada até mesmo vender o corpo do seu cachorro e sair da Península Leste, onde a vida é mais natural e menos movimentada. Camus não é um cachorro comum, ele é um autômato ou se preferir um assistente virtual, um software com personalidade de cachorro, onde agrega muito para todo enredo.
Em busca de um emprego somos recrutados para trabalhar na Cloudpunk sob supervisão do Control, com tom formal e totalmente profissional que aos poucos permite conhecer mais da sua vida pessoal. Entrando em contato constantemente para orientar e informar sobre novos serviços contratados, na maioria das vezes tais serviços tem origem ilícita, mas os nossos clientes pagam pela privacidade de não serem suspeitos ou monitorados pela CorpSeg, a corporação militar que tem como prioridade garantir que os negócios continuem, defendendo os seus próprios interesses ao invés de defender e proteger os habitantes de Nivalis. 

Com uma complexidade social vasta, vamos dialogar com androides, IA, autômato e humanos que podem trazer fadiga ao jogador, onde não oferece nenhuma opção de escolha ao conversar com os diversos personagens espalhados pela cidade, sendo considerado um ponto fraco por não proporcionar opções de diálogo para responder diferentes situações. Elevando assim o nível de importância das suas escolhas, visto que as escolhas apresentadas no jogo não causam tanto impacto como é prometido. A sensação que fica é que todo roteiro tá pronto, modificando apenas alguns pontos e vírgulas do seu enredo, pouco influenciando na trama no geral. Devido a grande variedade de diálogos é fácil ficar perdido e não lembrar de cada personagem e referência citada, fazendo o jogador perder a imersão sobre o enredo envolvendo o personagem secundário e diálogo específico. Seria muito interessante se Rania carregasse uma espécie de diário, anotando uma biografia de cada personalidade conhecida durante a sua jornada.



A mecânica de locomoção com o veículo em uma cidade cyberpunk, com certeza é o primeiro pilar que sustenta o jogo. Encontramos aqui a cereja na torta de maçã que a Rania gosta tanto de comer, fazendo lembrar da sua cidade no leste. Um sistema de exploração simples permite subir e descer com o nosso HOVA para exploração na cidade e acessar diferentes áreas seja voando ou a pé. Em todos os cantos existe algo novo, incluindo os diversos itens espalhados no cenário que transmite a sensação que existe muito a fazer. 

Cuide bem do seu HOVA e ele cuidará de você, portanto mantenha o tanque cheio de gasolina e evite danificar ao bater nos HOVAs espalhados pela cidade. É possível comprar cosméticos e melhorias para o seu veículo, seja um turbo que ajuda chegar no destino mais rápido ou reforço no casco que proporciona resistência a danos e evitar gastar dinheiro com o mecânico para consertar. Caso a gasolina acabe ou os danos sejam grandes, não se preocupe, basta dirigir para o posto de gasolina ou oficina mais próxima. Sua experiência em Cloudpunk é puramente narrativa, o jogo não pune o motorista gravemente com a direção perigosa, embora isso seja relaxante e seja a real proposta do jogo, depois de algumas horas essa falta de punição ou ação se torna cansativa no ritmo do jogo, onde todas as mecânicas de jogabilidade envolvendo o meio de locomoção fique apenas no piloto automático do nosso cérebro, realizando serviços do ponto A ao ponto B e vice e versa. 
  
As diversas lojas espalhadas pela cidade permite comprar ou vender itens específicos, para ajudar a ter acesso a um local proibido ou vender itens para fazer uma grana extra nos momentos que os chamados da Cloudpunk estiverem fracos, mas infelizmente depois algumas horas de gameplay você percebe que pouco vale o esforço de ficar coletando cada ícone encontrado no mapa. São raros os itens e situações que eles são realmente necessários, como por exemplo, um resfriador para consertar um elevador quebrado ou um item perdido para liberar umas missões paralelas e diálogos que são mais daquilo que já é proporcionado pelo jogo através das suas missões principais em que estamos vivendo em Nivalis.



Encontramos nos gráficos o seu segundo e mais forte pilar. É impressionante como todas as luzes vibrantes da cidade são vivas e conseguem transbordar a verdadeira sensação de uma cidade futurista sob uma constante chuva. O gráfico feito em voxel com capacidade de uma iluminação volumétrica incrível que passa a sensação de profundidade ao cenário e uma realidade ao observar a cidade de longe ou chegando mais perto das ruas movimentadas, becos e vielas obscuras com pouca iluminação, sujas e esquecidas, com poças de  água da chuva que refletem as luzes dos letreiros de neon com as suas incansáveis propagandas e incentivo ao consumismo. Você sempre vai ter algo para admirar ao chegar mais de perto, coletar um item espalhado pelo mapa realmente pouco vai acrescentar na sua jornada, mas em compensação ele vai te proporcionar um jogo de câmera ao capturar a ação em alta velocidade da CorpSeg perseguindo um HOVA, que talvez seja outro membro da Cloudpunk.

Os ruídos da cidade conseguem transmitir a sensação que ela nunca dorme, acompanhada de uma trilha sonora que aumenta a imersão cyberpunk com o seu tom instrumental sintetizador, que produz sons gerados através da manipulação direta de correntes elétricas. Ao fundo conseguimos ouvir a cidade passando instruções para os seus habitantes, a grande multidão falando junto ao mesmo tempo em ambientes fechados e o constante e interminável barulho da chuva batendo nas estruturas com carros voadores rasgando o céu em alta velocidade. Sobre o aspecto do áudio do jogo não tenho muitas ressalvas a não ser pela direção de dublagem de alguns personagens. Vamos encontrar diversos grupos étnicos, seja principal ou secundário eles possuem uma voz e sotaque, infelizmente as vezes não conseguem transmitir no tom de voz a verdadeira importância e sentido de urgência transmitido pelo diálogo, embora seja admirável a variedade de vozes e sotaques envolvidos.

Cloudpunk encontra-se bem otimizado, com suporte para legenda português do Brasil, onde consegui observar apenas uma pequena falha de tradução, algo que não compromete a experiência, sendo de fácil compreensão a leitura sobre assuntos temáticos a cyberpunk e tecnologia para pessoas leigas no assunto, como a explicação de Rania para Camus, justificando o motivo dele estar sendo instalado em seu HOVA e sua lentidão nos pensamentos devido a limitação de hardware do veículo. A jogabilidade via teclado ou controles de console são simples e acessíveis que ao longo da jornada que durou 10 horas acaba se tornando natural a direção em meio ao trânsito rápido e caótico, em que todos sabem para onde desejam ir e vir.



Não recomendo Cloudpunk devido ao seu grande excesso de trazer conteúdo com pouco propósito, com uma imersão gráfica, ambientação e efeitos sonoros bons sim, mas com muitos itens que estão apenas preenchendo os espaços vazios de uma grande cidade, com uma mecânica de jogabilidade que é inovadora apenas nas primeiras horas de gameplay, se tornando tediosa a sua experiência durante muitas horas. Provavelmente os desenvolvedores tentaram esticar um pouco mais o projeto, espero que ocorra novos conteúdos que de fato acrescente na narrativa e mais possibilidades de interatividade em sua ambientação. Considero admirável toda proposta oferecida pelo jogo na história principal, mas falha com o tema abordado nas missões secundárias. Tendo mecânicas monótonas e ritmo bastante devagar quase parando, demorando muito para trazer o sentimento de urgência e perigo apresentado inicialmente pelo jogo. Transformando toda ambientação cheia de cores e luzes para algo preto e branco e apagado, com pouca interatividade real, como por exemplo os itens comprados para sua casa e além de possuir diversos personagens secundários que são salvos apenas algumas histórias que de fato acrescentou na narrativa.

Cloudpunk atualmente encontra-se disponível para a plataforma PC; e chegará ao Nintendo Switch, PS4 e XBOX One ainda em 2020

∣ Pontos Positivos ∣

᛫ Ambientação de uma autêntica cidade cyberpunk;
Exploração vertical com o seu carro ou a ;
᛫ Gráfico e iluminação em voxel bem trabalhada;
᛫ Efeitos sonoros e música;
᛫ Localizado em PT-BR.

∣ Pontos Negativos ∣

᛫ Limitação nas decisões e escolhas impactam pouco a narrativa;
Ausência de interatividade com o cenário e itens;
᛫ Quests e personagens secundários que não agregam valor na história;
᛫ Inconsistência no ritmo narrativo e com pouca jogabilidade.


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